A angústia transborda no íntimo do eu
Se espalda nas entranhas do corpo
Flagela em amiúde à mente confusa
E lentamente esmiúça o devido existir.
O ser padece com a catástrofe da alma
O medo chicoteia o sangue das veias
Acelera no peito as mazelas da vida
E suscita a tormenta do pânico e da dor.
O sopro moroso agoniza a pele
De um rosto desconfigurado, sem tom
E os olhos estáticos devaneiam alheios
Perdidos no horizonte obscuro e sem cor.
E quando não cabe no corpo o suplício vivido
O espírito transborda às quimeras do tempo
Memórias subsistem no momento presente
Provocando o morrer do próprio viver.
(fatima fontenele lopes)
25/04/2021