Nascida há muitos e tantos anos
Iluminada pela luz do candeeiro
Pelas mãos abençoadas de Maria
Na tórrida madrugada de lua cheia.
Sou do nordeste, sou sertaneja
Vivo nos côncavos do meu torrão
Convivi com mulheres guerreiras
Maria curandeira, Maria artesã.
Maria cartomante, Maria vidente
Outra Maria que rezava tão bem
Fazia com que o esperto ladrão
Devolvesse o roubo de alguém.
Conheci tantas e muitas Marias
Lavadeiras e mães na beira do rio
Enquanto a roupa no sol quarava
Cuidava dos filhos com devoção.
E assim, são tantas e tantas Marias
Companheiras, destemidas, valentes
Sofridas, abandonadas, descontentes
Maria, Marias heroínas do meu sertão .
Maria de Fátima Fontenele Lopes