fatima fontenele lopes
Rascunhos da alma
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Volto às minhas velhas memórias

Onde encontro tudo o que lá deixei

A vizinhança tagarelando na calçada

Cadeiras em roda, uma animação.

 

Sentada calada na soleira da porta

Bem de olho na lorota da comadre

Ela dizia que na madrugada avistava

O lobisomem nos dias de lua cheia.

 

Outro também contava destemido

A visagem que passou ao meio-dia

Na sala um vulto vestido de branco

Alma penada, uma assombração.

 

Uma senhora que nadinha enxergava

Narrava que tinha escutado uma voz

Amedrontada esbuguelhava os olhos

Um espírito vagando pedia uma luz.

 

Na boca da noite era assim todo o dia

Histórias de trancoso eram contadas

Cada uma mais cabeluda que a outra

De tanto medo aterrorizada eu ficava.

Maria de Fátima Fontenele Lopes
Enviado por Maria de Fátima Fontenele Lopes em 08/07/2022
Alterado em 29/12/2022
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