Revirando a minha caixinha de memórias guardadas a sete chaves no fundo do meu baú, encontrei uma antiga fotografia em preto e branco. Lembro-me como se fosse hoje, quando o fotógrafo com a sua antiga máquina "lambe-lambe", fotografou a nossa imensa felicidade e o nosso terno sorriso. Sentados naquele tão nosso banquinho de cimento da pracinha da matriz, da nossa pequena e pacata cidade natal, onde costumávamos andar de mãos dadas, ouvir o canto dos pássaros, contemplar o jardim florido, comer algodão-doce e pipoca do nosso velho amigo pipoqueiro.
Muitos anos já se foram, mas guardo aquele dia como um dos melhores que já vivi. E hoje, aqui sozinha, ouvindo o canto do sabiá e recordando tudo que vivenciamos, bateu uma enorme saudade, senti o mesmo friozinho na barriga, pernas bambas e o meu coração disparou tal qual aquele dia.
E agora, lembrando-me do meu primeiro amor, que o destino encarregou-se de separar de um jeito tão brusco e doloroso, faço essa saudosa cartinha, com os olhos marejados de lágrimas e escrita com os dedos tremulos de emoção, com o ardente desejo que chegue até às tuas mãos, que se encontram muito distante de mim, infinitamente longe, bem além do meu alcance, das minhas carícias, dos meus beijos e do meu calor. Quero dizer-te, que o meu amor ultrapassa todos os limites da vida e do morrer. Que esta missiva, escrita do mais íntimo da minha alma, chegue a ti como prova que permanecerás nas minhas indeléveis lembranças e no meu saudoso coração.
NnPara sempre a tua,
Mariazinha.
Antologia: MENSAGENS PARA VOCÊ
LURA EDITORIAL