AFILHADA DA LUA CHEIA
Eu sou afilhada da lua cheia
Nasci numa noite de inverno
Pelas mãos da cachimbeira
Ao som do temido trovão.
Chorei no frio da madrugada
Sob a luz forte do candeeiro
Abri os olhos para o mundo
Abençoada por minha mãe.
Vim junto às águas de março
Lavei roupa na beira do rio
Não tenho medo de corisco
Sou nordestina do sertão.
Já tomei banho de cachoeira
Puxei muita água do cacimbão
Bebi farto leite da teta da vaca
Pisei em cobra e escorpião.
Fui curada por uma benzedeira
De quebrante não morro não
Sou da terra do Padim Cícero
Do Luiz Gonzaga e Lampião.