fatima fontenele lopes
Rascunhos da alma
Textos

A FORMIGA LILI

 

Lili, a formiguinha ruiva e feliz, vivia na mata, debaixo de um pé de jatobá, no ninho habitado por milhares de outras formigas, bem pertinho de um bonito roseiral. Trabalhava o dia todo, carregando alimentos e água para a sua moradia. Próximo, no alto do tronco de uma gigante Aroeira, vivia o Bicho Preguiça, enorme e cabeludo, passava a maioria do tempo grudado na árvore e dormindo, se locomovia muito lentamente, quase não pisava no chão, se alimentava de folhas novas e mastigava com os lábios que eram muito duros. Lili ficava incomodada, como um animal tão grande não trabalhava e parecia viver cansado, só dormia, enquanto ela passava o tempo todo trabalhando, cuidava da formiga rainha, da limpeza do formigueiro e da alimentação, entre outros afazeres. Enquanto isso, o Bicho Preguiça vendo Lili na labuta pensou: “tadinha da formiguinha! tão pequenininha, esperta, corajosa e valente, e eu, desse tamanho, só como e durmo para não gastar minhas poucas energias”. Lili, num vai e vem, carregava folhinhas verdes e secas que encontrava pelo chão, pétalas de rosas silvestres numa fileira interminável com outras coleguinhas. No caminho, encontrava a Centopeia com inúmeros pezinhos, eram tantos, que não conseguia contá-los, seguia devagar em busca de sua sobrevivência, comia insetos maiores, morava sob pedras, folhas, cascas e em outros locais seguros para ela. Indignada, Lili refletia: “tantos pés e caminha tão devagar, já eu tenho apenas seis pezinhos, ando rápido, só paro no instante de comer, dou pequenos cochilos e vou à luta”. Adiante, Lili encontra a Minhoca, trabalhando, arando a terra para facilitar a entrada de água e raízes. Lili, refletiu: “mesmo não mostrando trabalho, ela mexe e se remexe, fofando a terra, come folhas secas,  restos de frutas, cascalhos de troncos, dentre outros alimentos, próximo do seu lar”. A Minhoca possui cinco coraçõezinhos, não tem pernas e olhos, diferente do Bicho Preguiça, que tem pernas grossas, olhos grandes e arregalados. E assim, Lili na sua jornada diária encontrava diversos animais e insetos; o Grilo azucrinando o seu juízo com sua gritaria, o Calango balançando a cabeça para cumprimentá-la, o Maribondo apressado levando barro para fazer a sua casinha, a Abelha voava por entre  as flores do maracujá, a Cigarra num barulho infernal, o periquito gritando sem parar, dentre muitos outros. Lili se achava diferente de todos, pela força que possuía e pela rapidez com que trabalhava. Adorava pisar no barro molhado, olhar a orquídea desabrochar, ouvir o canto do Passarinho, ver o apaixonado Beija-flor e a linda Borboleta sobrevoar. Tudo isso, a fazia refletir, sobre a essência de cada um na natureza, deixando-a pensativa e ao mesmo tempo contente por fazer parte do grandioso mundo encantado do matagal.

 

Maria de Fátima Fontenele Lopes

 

 

 

 

 

 

Maria de Fátima Fontenele Lopes
Enviado por Maria de Fátima Fontenele Lopes em 07/08/2023
Alterado em 16/08/2023
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