fatima fontenele lopes
Rascunhos da alma
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O SAPO CURURU

 

Na Quinta do Sol, perto de um lago, vivia o garboso Sapo Cururu, imponente, saltitava faceiro ao encontrar a Sapa Filó toda emperiquitada, que passava. – Para onde vais... assim tão avexada? Pergunta o Sapo Cururu – Vou a festa do casamento da Perereca, nos jardins da casa grande, respondeu a Sapa Filó. Na grama, a noiva vestida a rigor, dava pulos de felicidade, o noivo radiante olhava toda a movimentação. O Sapo Cururu, resolveu mesmo sem ser convidado ir para o casório, não poderia faltar, era o mais bonito, charmoso e elegante do lugar, tinha a voz melodiosa (kré-kré), estava solteiro, um bom partido e, quem sabe, a Sapa Filó se apaixonaria por ele. Na portaria, estava o mandachuva do lugar, o todo-poderoso Galo Garibaldi, ciscava agoniado, controlava a entrada dos convidados. A primeira a chegar foi a Rã-pimenta, toda avermelhada, chamava atenção por sua beleza, pinoteando, parecia ansiosa, para quem sabe, um amor encontrar. De longe, o Sapo Cururu observava, pensando que seria difícil entrar ali, não era bem-visto pelo Galo Garibaldi, devido o seu canto à noite, por não deixá-lo dormir. Agora, chegava a Rã-de-vidro, transparente, vestida de verde, dava para ver o seu coração bater de alegria e junto dela, a Rã-manteiga, brilhante, alumiava o caminho do altar. De longe, o barulho da Rã-cachorro, alvoroçada, queria logo entrar. A Rã-paulistinha, de braços dado com a Rã-marrom, sorriam sem parar e, a Rã-pijama, toda vestida a caráter para uma boa noite de sono quando a festa acabar. Muitos anfíbios; O Sapo-malhado, o Sapo-Verde, o Sapo-Árabe, dentre outros, todos desfilando com elegância e bom humor. Mas o Sapo Cururu, já inchado de raiva pela cansativa demora, pensou: “agora é minha vez! Vou usar o meu charme e beleza, se não resolver, uso o meu cegante veneno, arregalou os olhos, estufou a barriga e encostou. O Galo Garibaldi, vendo o tamanho do Sapo Cururu, com os olhos já saindo da caixa, pernas curtas, pesadas, pinoteando, resmungando zangado e espumando, foi logo falando: “Que bom! Amigo Sapo Cururu, sua presença aqui me enche de alegria, como você está galante, formoso, gostaria de convidá-lo para ser o cantor da festa com sua linda, suave e suntuosa voz, que embala minhas belas e sonhadoras noites. O Sapo Cururu todo esnobe, esvaziando a barriga e sorrindo entrou no recinto ao lado do medroso Galo Garibaldi. Ouvindo a prosa, a linda Sapa Filó, encantada se achegou, enlaçou carinhosa o Sapo Cururu e juntos pularam e cantaram à noite inteira animando os nubentes e toda a galera presente. E foram felizes para sempre!

 

 

 

 

 

 

Maria de Fátima Fontenele Lopes
Enviado por Maria de Fátima Fontenele Lopes em 17/08/2023
Alterado em 29/01/2024
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