fatima fontenele lopes
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TIMBU, A BIRITA E O ROUBO DA GALINHA

 

Por aqui, por acolá, por aqui, por aquele bar, dizia Timbu, quando saía de casa. Era morador de um distrito localizado no interior do Ceará. Timbu, uma pessoa boa, educada e agradável quando não estava com umas biritas na cabeça. Morava sozinho, numa casa simples, mas não reclamava de nada, sabia ele, da pouca responsabilidade que tinha com a família. A mulher e os dois filhos, foram morar na cidade, por não suportarem o comportamento vergonhoso e extravagante de Timbu. Quando ele tomava o primeiro trago, ficava eufórico, valente, enxerido e rico. Muitas vezes, dormia no banco da praça, gostava muito de cantar: “Eu não sou cachorro, não”. Cantava por não aceitar o fato de ser rejeitado pela companheira e alguns amigos. Timbu, vez por outra ia visitar a ex-mulher e os filhos, em uma dessas atrapalhadas viagens, resolveu levar de presente, uma nutrida galinha, colocou numa caixa de papelão, fez uns furos e amarrou com um cordão grosso e partiu para o embarque. O ônibus parava aqui, ali, para os passageiros tomarem água, café, comer alguma guloseima ou ir ao banheiro. Todos desceram, o primeiro, foi Timbu, com o presente debaixo do braço, com todo o cuidado do mundo. Foi no balcão, pediu o primeiro trago, o segundo, o terceiro, no final foi rebocado para seguir viagem. Chegando na cidade de origem, ainda sob o efeito da bebida, desembarcou, pegou a caixa e foi todo contente rever a família. Chegando, já no pôr do sol, bateu na porta, recebido por um filho, entrou casa adentro e foi de imediato entregando o presente — trouxe o almoço do domingo, disse: timbu, todo satisfeito. O filho, foi logo desamarrando a caixa, estranhando o silêncio da galinha, e, de repente, uma surpresa, dentro da embalagem estava, simplesmente, um pesado tijolo, tinha sido trocado na parada do ônibus sem ele perceber. Timbu, desconfiado, baixou a cabeça por causar mais uma decepção para os familiares. A vida continuava, voltou novamente para a vila, aumentou os goles, continuou na praça, importunando quem ia e vinha. Sempre de lorota com uma senhora, que todo dia passava para a mercearia ao meio-dia. Timbu, todo apresentado, falava: — me dar dona Chica... Já de saco cheio, um belo dia, a mulher respondeu: —Tu queres? Timbu! Vamos para a minha casa que eu te dou. Todo assanhado, alegre e cambaleando seguiu a senhora. Ao chegar lá, foi recebido com  chibatadas de couro cru no lombo, foi tanta peia que nunca mais, Timbu olhou para dona Chica. Assim, com o passar do tempo, a idade avançou, as doenças surgiram pelo consumo do álcool, deixando Timbu esmorecido, quieto e com muito medo de morrer. Sempre que tomava uma pinga, que via sua própria sombra, dizia ser a morte perto dele. Aos poucos, temoroso, foi deixando o vício e readquirindo o respeito dos moradores da vila, dos amigos e de sua amada família.

 

Maria de Fátima Fontenele Lopes
Enviado por Maria de Fátima Fontenele Lopes em 18/09/2023
Alterado em 19/09/2023
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