O GRILO GRITANTE
Era uma vez, nos confins da floresta, morava o medroso grilo gritante, que numa noite enluarada, resolveu ir à fantasiosa balada na casa da dona cigarra, que ficava no outro lado da selva, na beira de um pequeno lago de águas cristalinas. Ele queria muito se divertir, pular e dançar até o dia amanhecer. No entanto, era muito difícil para ele chegar ao local, pois tinha asas, mas não sabia voar, e as suas finas pernas já estavam cansadas de tanto saltitar, pois vinha de muito distante. Certamente, a minha presença vai agradar, sou animado e dançador, vou deixar o ambiente mais divertido e feliz. Pensou, em voz alta. Precisava, porém, da companhia de outro inseto, pois não conhecia bem o caminho. Então, ficou alojado detrás de uma grande árvore, para esperá-los passar. O primeiro que surgiu foi a horripilante barata, se arrepiou todo, tinha muito medo, ela era enorme, voadora e muito asquerosa. — Nem me pagando eu acompanharia, falou. Silencioso, permaneceu quieto e bem antenado. De repente, lá vem o marimbondo, o grilo gritante escondeu-se e falou: — Nem morto vou com ele, tem os ferrões gigantes e a sua picada é dolorida, deixa ele seguir, quem sabe passa a minha amiga, vespa. De muito longe, ouviu o zumbido da abelha, não poderia acompanhá-la, era a abelha rainha, imponente e muito valente, sempre mudava de rota para não encontrá-la. Estava cada vez mais difícil a situação, tinha que ficar atento, estava a esmo no meio da escura mata e a qualquer instante poderia ser devorado por um lagarto, sapo ou até mesmo pela aranha. Com um olho lá, e o outro cá pensava. Não poderia gritar para não chamar atenção dos insetos peçonhentos dos arredores. Ele olhou para o céu e avistou a linda libélula, parecia uma dançarina no ar, as suas asas compridas cintilavam feita uma estrela, as suas cores embelezavam o mundo dos bichos e dos insetos. Não tinha como acompanhá-la, parecia uma fada encantada da natureza. Deslumbrado, permaneceu calado e resolveu seguir sozinho. As horas passavam, os minutos e cada segundo era essencial para participar do animado evento. Um voo ali, outro acolá e, rapidinho, a mutuca passou por ele, quase que levava um ferrão, conseguiu escapar e continuou. Cantava baixinho, o vento soprava no seu ouvido, o balanço das folhas ecoavam no ar, ficou impaciente, pois não gostava de barulho. Não aguentava mais, estava exausto, mas não podia desistir, já percorrera a metade do caminho, mesmo arquejando, respiração ofegante, era o jeito seguir. Mas, por encanto, o gafanhoto, o seu grande amigo, ágil e robusto, encostou. — Para onde vai amigo? Perguntou. — Vou ali, no fuzuê da dona cigarra, respondeu. Então, mais que depressa, ele subiu sobre as costas do gafanhoto e juntos partiram, mirou para trás e gritou: Lá vamos nós! De longe avistaram a festa, eram tantos insetos: besouros, borboletas, mosquitos, moscas, pulgas, pernilongos entre outros. Ele chegou muito eufórico, vociferando e pulando tão alto, mais tão alto que logo atraiu a atenção de todos ao seu redor; a cigarra ficou muito contente diante das suas brincadeiras, a algazarra era tão ensurdecedora que deixou todos extasiados. Do alto, a fantástica libélula e o iluminado vaga-lume difundiam fachos de luzes, embelezando a noite e tornando a floresta maravilhosa, mágica e deslumbrante, um verdadeiro conto de fadas.
Correção Ortográfica:
Humberto Fontenele Lopes