Sou hoje um tanto faz sem guarida
A revolta da maresia na madrugada
O revoar do passarinho entristecido
A flor amarela murcha na passarela.
A estrada obscura sem passagem
O barco desordenado sobre o mar
O lamento da coruja no anoitecer.
A tempestuosa chuva no telhado
A dor que machuca todo o corpo
O silêncio no caminho da partida
A rosa despetalada da jardineira
Uma folha seca levada pelo vento.
Assim, sou a metade desolada
Navegante do friorento orvalho
Papel machucado rascunhado
O pranto dolorido da saudade.